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EDUCAÇÃO ou DESEMPENHO? ( Na sala de aula )

Posted on novembro 25, 2025dezembro 1, 2025 By Professor Paulo de Tarso

Automatização do Processamento de Provas: Treinamento Mecânico e Cerebral

A automação do processamento de provas—ou seja, treinar o cérebro para responder questões de forma mecânica, sem aprofundar-se no conteúdo dos assuntos—envolve processos neuropsicológicos e pedagógicos que se relacionam à memória, repetição, reconhecimento de padrões e reforço comportamental.

Treinamento e Automatização: Como Funciona

Essa prática é comum em ambientes educacionais onde o objetivo central se desloca da compreensão profunda para o desempenho em avaliações. O estudante é exposto repetidamente a padrões de questões, tipos de respostas e estruturas de testes, treinando o cérebro a reconhecer “gatilhos” e aplicar rapidamente respostas memorizadas, sem necessariamente compreender o princípio subjacente do conteúdo.

Os principais mecanismos envolvidos incluem:

1. Memória Procedimental e Reconhecimento de Padrões

  • O cérebro utiliza a memória procedimental, responsável por armazenar habilidades e algoritmos práticos repetidos. É o mesmo tipo de memória empregada em atividades automáticas como andar de bicicleta ou digitar.
  • Com o treinamento, questões de prova passam a ser reconhecidas como padrões familiares, acionando rotinas cognitivas que já foram intensamente treinadas.

2. Condicionamento Operante

  • O método de repetição, muito usado em simulados e treinamentos extensivos, implica reforço comportamental: ao acertar, há uma recompensa (nota, elogio),
    ao errar, corrige-se até acertar.
  • Isso aumenta a probabilidade de respostas rápidas e automáticas sem reflexão sobre o conteúdo subjacente.

3. Redução do Custo Cognitivo

  • O cérebro busca sempre ser eficiente. Com a repetição e familiaridade, as respostas automáticas demandam menos “esforço” mental (menor ativação de áreas associadas ao raciocínio profundo, como o córtex pré-frontal).
  • O resultado: o estudante automatiza a resolução das questões e responde às provas “de olho fechado”, sem necessariamente aprender o assunto em profundidade.

4. Aprendizado por Exposição Massiva

  • Exercícios de treinamento intenso (simulados, flashcards, provas anteriores) levam ao fenômeno de “aprendizagem superficial”, em que prevalece o reconhecimento rápido das respostas corretas ou convencionais, e não o aprendizado significativo.
  • Técnicas como “drill and practice” exemplificam esse método.

Consequências Cognitivas

Ao longo do tempo, a exposição repetida e mecanizada à mesma estrutura de perguntas e respostas leva à habituação, uma forma de aprendizado cerebral que favorece a automatização do comportamento, mas prejudica a compreensão conceitual.

Em processos educativos que priorizam resultados em provas padronizadas, essa automação pode ser treinada propositalmente, tornando os processos cerebrais cada vez mais automáticos e eficientes — porém superficiais.

Exemplos Práticos do Treinamento Mecânico

  • Resolução de testes de múltipla escolha através de reconhecimento de “palavras-chave”, sem pensar nas justificativas das alternativas.
  • Treinamento “decoréba” (mnemotécnico), em que o aluno associa respostas a frases prontas sem compreensão real.
  • Simulados intensivos, onde o foco é bater meta de acertos, não discutir conteúdos.

Reflexões sobre Educação e Neurodesenvolvimento

Esse método de treinamento é criticado em pedagogia o por favorecer uma educação baseada em desempenho e resultados imediatos, em detrimento da compreensão e do desenvolvimento de pensamento crítico. No neurodesenvolvimento, significa o fortalecimento de vias neurais associadas à automatização e à memória de curto prazo, com pouco envolvimento de áreas cerebrais relacionadas ao pensamento crítico e à criatividade.

Portanto, treinar o cérebro para responder provas mecanicamente é possível através da repetição, reconhecimento de padrões e reforço automático, mas implica limitações profundas na aprendizagem significativa e autêntica, além de influenciar para a superficialidade no desenvolvimento cognitivo.

REFERÊNCIAS

MAGALLÓN, S.; NARBONA, J.; CRESPO-EGUÍLAZ, N.
Acquisition of Motor and Cognitive Skills through Repetition in Typically Developing Children. PLOS ONE, v. 11, n. 7, e0158684, 2016. PLOS

ROSSI, J. F.; et al.
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MARTINS, L. A. P.; et al.
Aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa: uma análise à luz de Ausubel. Revista Eixo, 2012. arquivorevistaeixo.ifb.edu.br

LANDIM, D. S. P.
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MAGALHÃES, M. G.
Uma atividade para alunos do Ensino Médio utilizando softwares educativos. Revista Brasileira de Ensino de Física, 2002 – discute exercícios do tipo drill and practice baseados em reforço skinneriano. SciELO

DINIZ, C. C. S.
Uma análise crítica de um recurso educacional aberto… Dissertação (Mestrado), USP, 2019 – revisa a história de softwares “exercício-e-prática” como “máquinas de ensinar”. Biblioteca de Teses da USP

CRAHAY, M.
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DWYER, T.
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HAUSKNECHT, J. P.; et al.
Retesting in Selection: A Meta-Analysis of Practice Effects for Tests of Cognitive Ability. Journal of Applied Psychology, v. 92, n. 2, p. 373–385, 2007. ResearchGate

CORSO, L. V.
Senso numérico e dificuldades de aprendizagem na matemática. Psicopedagogia, 2010 – critica ensino centrado em cálculo e pouca compreensão. Pepsic

POPHAM, W. J. (apud BURKE, 2009).
Discussões sobre “skill and drill” que se tornam “drill and kill”, associadas à cultura de testes de alta pressão. Sage Publications

RENZULLI, J. S.
The Achievement Gap: Using Strength-based Pedagogy to Break the ‘Drill and Kill’ Cycle. Manuscrito/discussão disponível em PDF. lpilearning.org

EDUCAÇÃO, TI NEWS Tags:desempenho, educação, sala de aula

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